Publicidade dirigida a menores pode levar a compra de produtos supérfluos, endividamento das famílias e consumo excessivo de alimentos industrializados que prejudicam a saúde das crianças.
Especialistas independentes da ONU pediram proibição da propaganda e do patrocínio de fabricantes de álcool, de tabaco e de alimentos não saudáveis nas escolas e no contexto de eventos esportivos infantis, bem como de outros eventos que possam ser frequentados por crianças.
Por ocasião do Dia Internacional da Juventude, comemorado na última sexta-feira (12), especialistas da ONU chamaram a atenção para o impacto da publicidade sobre as crianças, que são incentivadas desde cedo ao consumo excessivo e ao endividamento familiar. Os relatores pediram aos Estados-membros que regulamentem as propagandas dirigidas aos menores.
“Tais campanhas comerciais têm o potencial de moldar o comportamento de consumo e financeiro das crianças a longo prazo e elas estão crescendo em número e alcance,” afirmaram o especialista independente das Nações Unidas para dívida externa e direitos humanos, Juan Pablo Bohoslavsky, e o relator especial sobre o direito à saúde, Dainius Puras.
Os especialistas alertaram que muitas propagandas dirigidas aos menores promovem o consumo de alimentos com alto teor de açúcar e pouco valor nutritivo, que podem causar sérios danos à saúde da criança e também a longo prazo. Segundo eles, a regulação da publicidade de produtos alimentares não só melhoraria a saúde dos pequenos, como também reduziria as despesas com cuidados médicos.
Além disso, Bohoslavsky e Puras observaram que, depois de serem expostas a um grande número de anúncios, as crianças podem pressionar seus pais a comprar itens que não fazem parte do orçamento familiar e tampouco são pedagogicamente necessários. Bens supérfluos acabam sendo adquiridos mesmo em detrimento de outras necessidades domésticas importantes.
Os relatores lembraram que, em muitos países, a dívida privada das famílias é um sério problema social, tornando a aquisição de produtos de necessidade básica inacessível. Dívidas familiares excessivas também podem implicar em uma crise de dívida pública, alertaram.
“Pedimos que os Estados proíbam a publicidade, a promoção e o patrocínio de fabricantes de álcool, de tabaco e de alimentos não saudáveis nas escolas e no contexto de eventos esportivos infantis, bem como em outros eventos que possam ser frequentados por crianças”, ressaltaram os especialistas, em conformidade com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Pedimos também que os países criem diretrizes que restrinjam ou minimizem o impacto da comercialização de alimentos não saudáveis, de álcool e tabaco em geral. Mais amplamente, apelamos às nações que regulamentem a publicidade dirigida às crianças, de acordo com o dever dos Estados de proteger os menores de danos”, concluíram.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do ponto de vista psicológico, as crianças não se tornam mais felizes por adquirirem mais mercadoria.
Fonte: ONUBR