Os 14 milhões de domicílios de beneficiários do Bolsa Família que receberão o conversor para captar o sinal de TV digital contarão também com o aplicativo Quero Ver Cultura. A plataforma de vídeo por demanda foi desenvolvida pelo ministério da Cultura (MinC), com conteúdos audiovisuais nacionais, como curtas e longas-metragens, de ficção e documentários, produzidos com apoio de recursos da lei do audiovisual.
Com o processo de migração da TV analógica para a digital, programado para começar em fevereiro e executado em todo o país gradualmente até 2018, os beneficiários do Bolsa Família receberão gratuitamente um kit contendo conversor, controle remoto e antena adaptada às condições do domicílio.
O conversor terá a interface de interatividade Ginga C e aprimoramentos desenvolvidos pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). E dará ao usuário a possibilidade de acessar aplicativos e programas com uma série de facilidades e informativos dos serviços públicos, como marcação de consultas médicas, vagas de emprego, extrato do Bolsa Família, serviços bancários e outros serviços públicos federais, estaduais e municipais.
Os filmes serão transmitidos através da antena e ficarão disponíveis para serem vistos de acordo com a conveniência do espectador, como nas plataformas de streaming, mas sem a necessidade de conexão de internet. A capacidade de armazenamento permitirá a oferta de cinco a dez títulos por semana.
O secretário do Audiovisual do MinC, Pola Ribeiro, disse à RBA que o serviço é uma forma de ampliar o público do cinema nacional: “Nos últimos cinco anos, cresceu muito a cartela de filmes produzidos, mas esses filmes têm que transcender o circuito do mercado”, observou.
“Quando a gente fala do Quero Ver Cultura, a gente está falando em entregar 14 milhões de caixinhas, que vão impactar em até 60 milhões de pessoas. Passa a ser a terceira maior entrega de conteúdo do mundo, para uma população que não tinha acesso”, afirma o secretário do Audiovisual.
Pola Ribeiro descreve a iniciativa como “sem paralelos” em outros países, dado o enfoque e o alcance da plataforma. Em termos de comparação, a Netflix, plataforma comercial de streaming que vem ganhando força nos últimos anos em todo o mundo, apesar de não divulgar o número de usuários no Brasil, segundo estimativas, contaria com cerca de 4 milhões de assinantes. O Quero Ver Cultura, quando chegar nas 14 milhões de residências dos beneficiários do Bolsa Família, impactaria em um público de até 60 milhões de pessoas. “São entregas de conteúdo em escala, que permitem um acesso que nunca tivemos antes.”
“Na verdade, a gente quer democratizar o acesso à comunicação e aos conteúdos audiovisuais que são produzidos com recursos públicos. A gente quer que a grande parcela da população que está fora desse acesso possa ter opções para além da tv aberta comercial. Que ele possa também acessar conteúdos por demanda, que é o que a contemporaneidade está oferecendo”, analisa Ribeiro.
Segundo o secretário, a escolha dos títulos priorizará aqueles que não encontram canais de exibição. “A gente tem milhares de curtas e documentários que não passam em lugar nenhum. A própria memória da televisão pública brasileira está fora disso”. Farão parte do acervo cerca de 25 mil títulos da Cinemateca Brasileira e produções da própria Secretaria do Audiovisual.
Interatividade
Ao funcionar junto com o aplicativo, o site do Quero Ver Cultura também possibilitará que o público aponte os filmes que desejaria ver na plataforma, bem como comentários e críticas. Essa é uma forma de conhecer melhor os gostos e expectativas de um conjunto da população que ainda tem pouca visibilidade. “Quando a gente fala de Bolsa Família, a gente está trabalhando com as pessoas que o país menos conhece. Que expressam menos os seus desejos”, comenta Pola Ribeiro.
Contudo, o entusiasmo em torno do Quero Ver Cultura e as possibilidades abertas a partir daí como uma nova plataforma de acesso massivo, tem fez com que algumas produtoras se associassem ao projeto. A Gulanne, produtora conhecida por títulos como Bicho de Sete Cabeças, O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias e, mais recentemente, Que Horas Ela Volta?, já disponibilizou conteúdos para serem veiculados no aplicativo, assim como a Maria Faria Filmes, que produz conteúdos de forte apelo social em parceria com o Instituto Alana.
“A gente tem que fazer políticas públicas para um país onde todo mundo filma e todo mundo demanda por conteúdos”, diz o Secretário Pola Ribeiro. Os filmes que contam com aportes do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), depois de cumpridas as trajetórias comerciais, também serão abertos por meio do Quero Ver Cultura.
A distribuição do conversor começará junto com o projeto-piloto de abertura do sinal de TV digital na cidade goiana de Rio Verde, no próximo dia 15 de fevereiro. Brasília e as cidades do entorno vão fazer a transição em outubro deste ano, que é quando a secretaria do Audiovisual espera que o Quero Ver Cultura também esteja em pleno funcionamento.
Em 2017, será a vez de todas as capitais da região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória), Goiânia, Salvador, Recife e Fortaleza. Outras cidades do Estado de São Paulo e do Nordeste também passarão pela mudança no próximo ano. Já em 2018, a transição para o sinal de TV digital vai incluir as capitais e importantes cidades das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, todo o interior dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.
FONTE: RBA – Rede Brasil Atual
http://www.redebrasilatual.com.br/entretenimento/2016/01/conversor-distribuido-aos-beneficiarios-do-bolsa-familia-contara-com-servico-de-filmes-nacionais-por-demanda-1150.html