O presidente americano Barack Obama condenou a “retórica antimuçulmana” utilizada por alguns políticos americanos e a imagem veiculada pela mídia e o cinema. Nesta quarta-feira (3), o chefe de Estado americano visitou pela primeira vez uma mesquita desde o início do seu mandato.
A crítica de Obama é uma alusão ao pré-candidato republicano Donald Trump e seus aliados. O magnata tem feito do ataque contra os imigrantes muçulmanos o carro-chefe de sua campanha. “Esse tipo de declaração não tem espaço em nosso país”, disse o presidente durante a visita à Sociedade Islâmica de Baltimore.
Trump chocou o mundo ao propor a proibição da entrada de muçulmanos no país, depois do ataque de 2 de dezembro em São Bernardino, na Califórnia. Ted Cruz, outro pré-candidato republicano, também propôs que apenas imigrantes cristãos sejam admitidos no país. “Desde o 11 de Setembro e, mais recentemente, desde os ataques em Paris e San Bernardino, vimos exemplos demais de que as pessoas misturam os terríveis atos terroristas com as crenças de uma religião inteira”, lamentou Obama.
Esta foi a primeira visita de Obama a uma mesquita nos Estados Unidos desde que assumiu a Casa Branca, em 2009. Hoje, nos Estados Unidos, vivem cerca de 3,3 milhões de muçulmanos.
Em seu discurso, Obama agradeceu o povo muçulmano e disse que “atacar uma religião é atacar todas as religiões”. Ele também criticou a imprensa e a indústria cinematográfica em Hollywood. De acordo com o presidente, ambas “distorcem a imagem dos muçulmanos”. Obama ainda ressaltou que organizações como o Estado Islâmico não representam a grande maioria dos muçulmanos e convocou os líderes muçulmanos no país a se defenderem das “organizações que estão determinadas a matar inocentes” e pregam a radicalização.
Muçulmanos têm sentimentos “antiamericanos”, dizem americanos em pesquisa
Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3) pelo Pew Research Center nos Estados Unidos mostrou que 49% dos americanos acreditam que “pelo menos alguns” muçulmanos têm sentimentos antiamericanos.
A pesquisa foi feita com 2009 pessoas por telefone em janeiro. Os resultados mostram que 11% dos entrevistados acreditam que muitos ou praticamente todos os muçulmanos são contra os Estados Unidos, mas 42% discordam totalmente dessa afirmação. A sondagem foi publicada no mesmo dia da visita do presidente Barack Obama a uma mesquita nos Estados Unidos.
A questão do extremismo islâmico também divide os entrevistados. Metade diz que o tema deve ser debatido pelo próximo presidente. Pelo menos 50% pensam que é preciso ter cuidado para não criticar a religião em sua totalidade, enquanto 40% pensa que o assunto deve ser tratado “com franqueza”, mesmo que isso implique em críticas duras contra o Islã em geral.
O único consenso é em relação à religião e à violência: para 68% dos entrevistados, é preocupante o fato de que o Islã seja usado para justificar ações violentas. Seis em cada dez americanos também acham que os muçulmanos são discriminados e que esse sentimento está crescendo.