Indústria de notícias falsas movimenta milhões, dizem participantes de debate em SP

Evento promovido por Aberje e revista “Época” discute importância do jornalismo no combate às “fake news”.

 

O crescimento da indústria de propagação de notícias falsas movimenta milhões e prejudica a sociedade, segundo avaliação dos participantes de debate sobre a importância do jornalismo, realizado em São Paulo nesta quarta-feira. O evento fez menção a casos recentes como as eleições de Donald Trump nos Estados Unidos e a necessidade de checagem de fatos veiculados na internet.

— Hoje existe uma indústria que movimenta milhões relacionados a fatos falsos — observou Paulo Nassar, presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), responsável pela organização do evento junto da revista “Época”.

Para o chefe da sucursal do jornal o GLOBO em São Paulo, Aguinaldo Novo, embora notícias falsas sempre tenham existido, a maior velocidade de propagação proporcionada pela internet colaborou para que as fake news fossem comercializadas. Ele citou como exemplo o uso de informações falsas pela campanha de Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos no ano passado.

— A maior velocidade de propagação criou a industrialização das fake news. Isso levou até a eleição de um presidente — avaliou.

Novo também observou que a ampla oferta de notícias veiculadas em rede pode gerar dúvidas quanto à procedência das informações. Ele comentou que portais desconhecidos provocam desconfiança em alguns leitores, que acabam recorrendo aos veículos tradicionais quando precisam buscar novos fatos.

— Nesse ponto, os jornais funcionam como certificadores dos fatos. A imprensa tradicional tem credibilidade diante dos leitores — disse ao longo do debate, que foi mediado por João Gabriel de Lima, diretor da “Época”.

A editora e co-fundadora do portal JOTA, Laura Diniz, defendeu que o compartilhamento de notícias falsas é relacionado a determinados comportamentos sociais. A tendência das pessoas a disseminarem os conteúdos, ainda que os considerem duvidosos, é maior se elas estiverem seguindo o exemplo de outros colegas.

— Para falar de fake news a gente tem que falar de psicologia e sociologia — afirmou.

Uma forma eficiente de combate às fake news, como sugerido ao longo do debate, seria o aumento do investimento em pesquisas com dados públicos. Diniz disse que o Brasil ainda não criou uma “cultura de dados” e que seria importante cobrar maior transparência de órgãos públicos para melhorar as checagens e confrontar as informações falsas.

Fonte: O Globo