Le Monde afirma que querem evitar que terroristas sejam ‘glorificados’. Libération não mudará publicações.
Meios de comunicação franceses, como a rede BFM TV ou os jornais “Le Monde” e “La Croix”, decidiram parar de publicar fotografias dos autores de atentados para evitar que tenham a atitude exaltada após os ataques ou que sejam colocados no mesmo nível das vítimas.
O diretor do tradicional “Le Monde”, Jérôme Fenoglio, em um editorial publicado nesta quarta-feira (27), afirmou que, após o atentado de Nice, não publicará mais fotografias dos autores de massacres para “evitar eventuais efeitos de glorificação póstuma”. O ataque em Nice, no Sul do país, que foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico, deixou 84 mortos e 300 feridos em 14 de julho.
“Não se deve esconder os fatos ou a trajetória dos assassinos, e por isso não somos favoráveis a manter seu anonimato, mas suas fotos não servem para descrever sua trajetória”, explicou Fenoglio à AFP.
O diretor de redação da BFM TV, Hervé Béroud, afirmou que decisão de não divulgar mais as fotos foi tomada na terça-feira à noite. “A foto tem um caráter simbólico e emblemático” e “pode colocar no mesmo nível vítimas e terroristas”, disse Béroud à AFP, esclarecendo que seguirão informando o nome dos autores dos atentados.
Por sua vez, o redator-chefe do jornal católico “La Croix”, François Ernenwein, disse à AFP que “só publicaremos o nome e a inicial do sobrenome (do autor do atentado), e não a foto”.
No Twitter, a emissora de rádio Europe 1 também anunciou que deixará de “citar os nomes de terroristas em transmissões”.
Já o jornal progressista “Libération” não compartilha este ponto de vista. Segundo o diretor-adjunto do jornal, Johan Hufangel, manter no anonimato os autores não é uma posição sustentável.
“Imaginem um artigo com os irmãos SA e BA, AA, FAM”, declarou à AFP, ressaltando que “o debate sobre a utilização da foto no jornal e no site do ‘Libération’ é constante desde a existência do jornal”.
“Publicar fotos de terroristas e glorificá-los não é a mesma coisa. ‘Dabiq’ (a revista do grupo EI) glorifica”, acrescentou.
Na manhã desta terça-feira (26), dois homens armados com facas fizeram reféns um padre, duas freiras e dois fiéis em uma igreja de Saint-Etienne-du-Rouvray, na região da Normandia, no norte da França. O padre, Jacques Hamel, de 84 anos, foi morto. Outros três reféns ficaram feridos. As fotos de um dos suspeitos foi divulgada em alguns veículos.
Fonte: G1