Campanha pede aos gamers para fazer uma pausa na caça às criaturas digitais e socorrer as famílias sírias, especialmente as crianças, que estão nas zonas de conflito
Hoje em dia, existem Pokémons em quase todos os lugares (em breve no Brasil também). Se você está no Central Park, nas ruas de San Francisco ou mesmo áreas cheias de minas na Bósnia, há um Pikachu para ser encontrado.
A agência de notícias dirigida por ativistas e rebeldes na Síria – FRS Media Group – está capitalizando a mania do Pokemon GO, o jogo de realidade aumentada da Nintendo, para pedir ajuda pelo Twitter. A campanha pede aos gamers para fazer uma pausa na caça às criaturas digitais e socorrer as famílias sírias, especialmente as crianças, que estão nas zonas de conflito da guerra civil que já dura 5 anos.
“Estou na Síria. … Salve-me !!” é o texto principal das imagens compartilhadas pelo Twitter. Vários tweets compartilharam imagens de crianças que seguram cartazes em árabe e inglês com uma criatura Pokémon. Um deles diz “Eu estou numa área de ao Leste de Ghouta, Síria. Venha me salvar.” Ghouta foi o local de um ataque de armas químicas contra civis em setembro de 2013 , deixando muitas crianças mortas.
Outro tweet comovente mostra um menino em um local desconhecido na Síria, sentado em meio a escombros na rua, com um Pikachu chorando ao lado dele. A #PrayforSyria (reze pela Síria) acompanha os tweets. As localizações indicadas nas postagens pelo Twitter apontam para regiões próximas das cidades de Hama e Idlib, ambas sob controle dos rebeldes que lutam contra o governo sírio e que constantemente são alvos de ataques aéreos.
Síria Go
Outro designer sírio,Saif Aldeen Tahhan, também usou a popularidade do jogo para despertar a solidariedade para o povo de seu país. Em uma série de imagens chamadas Síria Go, Tahhan tomou momentos reais da guerra síria – casas demolidas, um ataque aéreo em ação, escolas abandonadas – como o cenário do jogo. Só que em vez de criaturas Pokémon, objetos que os sírios mais precisam estes dias.
“As pessoas conversam sobre Pokémon o tempo todo. Então eu criei estas imagens para chamar a atenção. Para o sofrimento causado pela guerra e para o que os sírios estão realmente procurando”, disse o designer, ele próprio um refugiado sírio. Tahhan viajou da Síria para o Egito e embarcou para Itália. A peregrinação em busca de um novo lar pelo continente europeu o levou para a Dinamarca em 2014. Uma das imagens que ele criou para a sua versão do jogo é uma bóia salva-vidas ao lado de um barco de refugiados.
“Vivemos em um grande jogo nós mesmos, mas é um jogo político”, lamenta. Desde o início da guerra síria em 2010, quase 5 milhões de sírios se tornaram refugiados, de acordo com o ACNUR, a agência da ONU para os refugiados. Para ajudar as crianças sírias, você pode doar pelo site da UNICEF.
Perigo para jogadores
O Pokémon Go tem provocado situações bizarras – jogadores já caíram de pontes, tropeçaram, pararam o trânsito. Mas também perigosas. Os jogadores da Bósnia foram aconselhados a evitar áreas cheias de minas não detonadas, que sobraram do conflito de 1990. A polícia da Indonésia prendeu um francês que se invadiu em uma base militar durante o jogo.
Na Arábia Saudita, os líderes religiosos querem reviver um decreto religioso de 2001 que proíbe o Pokémon.
Donte: Comunica que Muda