Projeto do jornalista Glenn Greenwald (fundador do The Intercept) inicia-se com julgamento do impeachment de Dilma Rousseff
jornalista Gleen Greenwald anunciou em sua página no Facebook nesta terça-feira, 2, a entrada em operação do site The Intercept Brasil, espécie de spin-off do original The Intercept. Greenwald é notório por ter sido a primeira pessoa contatada por Edward Snowden (ex-analista de sistemas da CIA e da Agência Nacional de Segurança – NSA norte-americana que tornou públicos centenas de detalhes de programas que formam o sistema de vigilância global da agência, alavancado após os ataques do 11 de Setembro) que, mais tarde, revelaria uma série de atos de espionagem feita pelos EUA dentro e fora daquele país. Atualmente, o norte-americano, radicado no Brasil, vive no Rio de Janeiro (RJ).
Greenwald foi contatado por Snowden em 2012, quando trabalhava no jornal inglês The Guardian. Como resultado da parceria entre ambos, junto com a documentarista Laura Poitras, viria à tona, em junho de 2013, a espionagem feita pelos EUA em todo o mundo sob o pretexto de cuidar da segurança interna. Greenwald, além de jornalista, é também advogado especializado em Direito Constitucional e, antes de fundar The Intercept, escrevia tanto para o jornal The Guardian quanto para o portal Salon. Com as revelações feitas a partir dos vazamentos de Snowden, Greenwald recebeu o Prêmio George Polk de Reportagens sobre Segurança Nacional; o Prêmio de Jornalismo Investigativo e de Jornalismo Fiscalizador da Gannett Foundation; o Prêmio Esso de Excelência em Reportagens Investigativas no Brasil (foi o primeiro estrangeiro premiado) e o Prêmio de Pioneirismo da Electronic Frontier Foundation. Ao lado de Laura Poitras, a revista Foreign Policy o indicou como um dos 100 principais pensadores globais de 2013. Ainda, as reportagens sobre a NSA para o jornal The Guardian receberam o Prêmio Pulitzer de 2014 na categoria Serviço Público.
No perfil no Facebook, Greenwald diz, sobre o lançamento da versão brasileira: “Com o intuito de ajudar a preencher essa lacuna, anunciamos hoje o lançamento do The Intercept Brasil. Para este projeto piloto, reunimos uma excelente equipe de jornalistas e editores brasileiros que produzirão matérias originais sobre as questões políticas, econômicas, sociais e culturais a serem publicadas na versão em português de nosso site. Também trabalharemos com jornalistas freelance de destaque e outros veículos independentes. Além disso, vamos traduzir nossos artigos de interesse internacional para o inglês, além de publicar outras traduções de matérias do Intercept em português. Neste mês, nosso foco inicial será o julgamento e a votação final do impeachment da presidente Dilma Rousseff no Senado Federal, assim como matérias sobre os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Além da publicação de conteúdo original, vamos implementar os mesmos princípios de proteção de fontes que ocupam um espaço central na missão do Intercept. As mesmas tecnologias adotadas para que nossas fontes forneçam informações confidenciais contando com a máxima proteção contra vigilância e ataques online (como o SecureDrop) também serão disponibilizadas para nossas fontes de informação brasileiras”.
O jornalista afirma, ainda, que os interessados em fornecer material para os jornalistas no Brasil em sigilo podem fazê-lo conforme instruções específicas (veja este guia). E conclui: “A crise política do ano passado enfatizou como a homogeneidade da mídia brasileira é uma ameaça à democracia e à liberdade de imprensa. Por ser um país vasto e diversificado, o Brasil agora ocupa um espaço importante no cenário internacional, e a maioria de seus problemas e conflitos são extremamente relevantes no âmbito internacional. Assim, o Intercept Brasil tem dois objetivos: alavancar o reconhecimento deste país imprescindível por todo o mundo e fornecer uma plataforma para que os excelentes jornalistas e escritores brasileiros compartilhem informações essenciais com seus compatriotas sobre as questões políticas, econômicas e sociais de seu país”.
Fonte: Meio e Mensagem